quinta-feira, março 01, 2007

Ao Palácio de Espelhos


Ao Palácio de Espelhos, orgulho do espírito e sua veleidade e ostentação. Trois morceaux en forme de poire. Doses não embriagam mais. Os estreitamentos mal passam um dedo. Tal conceito já se refutou diversas. À minha porta, recebo todos os convidados de chocolate com um belo sorriso de contrapartida, aparentando minha fome que a mato sobre a deles. Não mais a necessitava. Eu a era. Do que não foi dito, ditado, de um romance dos moralmente excluídos, uma filosofia se fazendo sem morada, amor ais.
Futuros de um pretérito. Gargantas da quase contradição. Gengivas alanceadas, retraídas, esfolas de atina, presságios a um antropomorfismo genealógico. Funesto em verso, ode em curso: o que você daria para alguém que nunca fosse encontrar? O que esqueceria daquilo que não se lembra? Quais sonos lembrarias de quando não dormira? O que você não gostaria de pensar?
Trois airs à faire fuir
[1].

[1] “Três ares a fazerem fuga”. À citação acima, pode-se obter “Três peças em forma de pêra”. Usa-se fantasia de cavalo ou importunas precauções, mas entre as peças frias criadas em dedilhes, estendem-se percurssivas danças das faltas, das falhas, que por cortes, desdobramentos de seus topos salientam-se, uma imaginação vertiginosa. Dos movimentos do desconhecido, do im-per-feito, peças para piano de E. Satie.
Texto do músico e filósofo Guilherme do Vale.

Sem comentários: